segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Fitness - Glicogênio muscular: substância fundamental na prática da corrida


Se já ouviu falar, mas ainda não o conheceu, está aí, corredor. Apresento-lhe nosso amigo e companheiro das corridas do dia a dia: o glicogénio muscular.

Na verdade, a imagem em cima mostra uma cadeia de glicogénio. O glicogénio é a estrutura que está entre colchetes, que pode ser resumida na fórmula C6H12O6, ou seja, seis átomos de carbono, doze de hidrogênio e seis de oxigênio.

Ainda não percebeu nada? Manuel Lago, professor de educação física e treinador, explica:
- Glicogénio - combinação de moléculas de glicose - fornece energia imediata para os músculos durante a corrida.
O corpo humano é uma máquina complexa, que nos permite realizar, desde movimentos banais do quotidiano, como correr uma  maratona, ou até desafios ainda maiores. Mas, nada disso seria possível sem um combustível potente, responsável por providenciar energia necessária para os nossos músculos. E está aí o papel do glicogénio muscular.

Esta substância fica armazenada no nosso corpo, segundo a nutricionista Cristiane Perroni:
- Os carboidratos que ingerimos após a digestão são armazenados no nosso organismo na forma de glicogénio hepático (fígado) e glicogénio muscular (músculos). O glicogênio hepático tem como função a manutenção da glicemia entre as refeições. Funciona como uma reserva de glicose para ser usada por
outros tecidos. Já o glicogénio muscular é usado pelo próprio músculo, como fonte de energia na contração muscular.

Quando os corredores resolvem acelerar nas ruas, aí essa reserva de glicogénio entra em ação.
- Nas provas de velocidade (acima de 30 segundos), utiliza-se a glicose disponível na corrente sanguínea por estar prontamente disponível. O glicogénio muscular precisa ser quebrado (glicogenólise) para transformar-se em glicose e, assim, aumentar a glicemia (taxa de glicose sanguínea). Nas provas mais
longas, 5 km em diante, ele atua de forma mais "visível" e é ele que proporciona uma oxidação de gordura (beta-oxidação) eficiente (os dois substrtaos são utilizados nas provas longas) – explica o professor Manuel Lago.

Assim sendo, o mecanismo parece simples. A nossa energia vem da glicose que está no sangue e o glicogénio nada mais é do que uma grande reserva de glicose que precisa ser quebrada. Quando a proposta é correr mais tempo, a gordura, oba, também começa a ser utilizada.
Portanto, veja bem, não adianta decidir emagrecer com dieta total, por que para o corpo funcionar corretamente, é preciso ter energia. Ainda mais se a tentativa de perder uns quilinhos envolver atividade física, o que é o recomendado. Os corredores devem sempre manter a reserva de glicogênio em dia,
buscando, sempre, o bom funcionamento do nosso organismo.
- Um bom stock e manutenção da reserva de glicogénio muscular com ingestão de carboidratos antes, durante e depois da corrida retarda a fadiga musculare melhora a recuperação – avisa Cristiane.

Manuel também alerta para problemas relacionados à falta de cuidado com a reposição de glicogénio:
- O atleta pode vir a lesionar-se. Durante as provas, ele vai ter dificuldade em manter o seu ritmo, já que não vai haver energia disponível. Ele também pode acelerar o processo de oxidação da proteína muscular, diminuindo sua quantidade de músculos e alterando (negativamente) seu metabolismo. É um dos
indicadores de início de overtraining (excesso de exercício).


Então, antes de pensar apenas no relógio e no seu tempo por quilometro, é bom cuidar da alimentação. Ela será essencial para uma boa performance e para a prática de exercício de maneira saudável.
Antes das corridas, segundo Manuel, é importante que o corredor passe um ou dois dias ingerindo, pelo menos, 70% de carboidrato, como arroz, batata e massa. Se a corrida for acima de dez quilómetros, a reposição deve ser feita ainda durante a prova utilizando-se de carboidrato em gel, de acordo com  Cristiane Perroni. Em provas maiores, de 21 quilômetros, o aconselhável é consumir até duas porções da substância.
- Uma no quilómetro oito e outra no 15/16. Deixe um tempo na boca, debaixo da língua para potencializar a absorção e beba bastante água – diz ela.
Os cuidados não param por aí. Após a corrida, a nutricionista sugere bebidas isotónicas para reposição imediata de vitaminas, minerais e glicose. A refeição pode ser feita de uma a duas horas após a prova.
- Combinar a ingestão de carboidratos e proteínas: sanduíche de queijos light e embutidos (peito peru/ blanquet), cereal (granola) com iogurte e frutas, água de coco – lista Cristiane.
Manuel Lago também sugere estratégias eficientes para repor o glicogénio após a prova com uma combinação de carboidrato e proteína.
- Quatro gramas de carboidrato para cada um grama de proteína, perfazendo 50 a 60g de CHO - repositor usado pós-treino. Além de ir direto comer um bom prato de arroz, feijão e carne vermelha.
Correr é, de fato, muito bom, mas essa reposição alimentar após a meta da corrida ser alcançada deixa até água na boca.
Desta forma, após conhecer e compreender devidamente o funcionamento e a importância do glicogénio muscular no organismo, é só seguir as dicas e....boa corrida!

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