Quem faz muitos km em estrada, deve ter cuidado. Os quadris participam ativamente na genese do movimento, equilíbrio e força, durante a corrida, o que os tornam também vulneráveis ao aparecimento de lesões.
Como se constitui a articulação do quadril?
A articulação do quadril é formada pelo contato da cabeça do fémur, que possui uma forma esférica, com o acetábulo (concavidade da bacia). Outras estruturas são importantes no quadril e completam o encaixe entre cabeça do fémur e o acetábulo, dentre elas, o labrum acetabular.
O labrum é uma fibrocartilagem semelhante ao menisco do joelho, localizado ao redor do acetábulo e apresenta funções importantes, tais como:
- Ampliar a área de contato da cabeça do fémur com o acetábulo.
- Promover o fecho da articulação do quadril.
- Distribuir o líquido sinovial, lubrificando a articulação.
- Amortecer os impactos.
- Estabilizar o quadril em combinação com os outros ligamentos.
O movimento do quadril é amplo e definido pelo perfeito encaixe entre os dois ossos, com as suas superfícies lisas e lubrificadas, portanto qualquer alteração na forma dos ossos ou nas condições da cartilagem que os reveste, poderá gerar lesões adicionais ou até mesmo o desenvolvimento de uma artrose (degeneração da articulação).
O conceito de sobrecarga desportiva também pode ser aplicado aos quadris, embora a predisposição anatómica de cada pessoa também tenha importância na origem das lesões. A sobrecarga pode ser proveniente de anos de treinos irregular em modalidades de longa duração ou naquelas onde ocorram movimentos bruscos e vigorosos de rotação e compressão dos quadris (ténis, futebol, golfe, entre outros).
O impacto repetido da articulação do quadril pode provocar uma lesão do labrum e da cartilagem articular e até evoluir para uma degeneração.
Algumas alterações da anatomia do quadril de origem genética podem evoluir para a lesão do labrum: a posição do acetábulo virado para trás (retroversão), mais comum em mulheres ou a conformação da cabeça do fémur mais ovalada e não esférica como deveria ser, mais comum em homens.
Quais são os sintomas e como os podemos diagnosticar?
O quadro clínico comum é a dor na região inguinal (virilha) com ou sem irradiação para a parte interna da coxa após o esforço físico. É frequente atribuir a dor a uma causa muscular ou a uma tendinopatia (inflamação ou degeneração de tendão).
A história clínica e exame físico minucioso evidenciam dor a algumas manobras, simulando o que acontece de real na articulação durante o movimento no desporto.
As radiografias são importantes na avaliação complementar, assim como os exames de ressonância magnética.
Quais as formas de tratamento?
As lesões agudas podem ser tratadas de forma conservadora com a utilização de anti-inflamatórios e analgésicos sob prescrição médica, interrupção dos movimentos que contenham impacto durante um período de 1 a 6 meses e fisioterapia. A persistência dos sintomas exige uma mudança de conduta e reavaliação dos resultados e objetivos.
O tratamento cirúrgico reserva-se aos pacientes com dor persistente e que pretendem retornar às atividades físicas ou profissionais. A artroscopia é uma técnica cirúrgica que possibilita ampla visão da articulação e permite a remoção de lesões e deformidades geradas pelo impacto.
Nos casos graves onde exista uma degeneração avançada da articulação, são menores os benefícios da artroscopia, levando o médico a considerar outras técnicas para tratamento da articulação lesionada.
CL
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